Devia tê-la deixado a falar sozinha, e saído porta fora. Irra que é demais, conhecem o anticristo??? Segundo a minha mãe devo ser eu. A culpa de todos os males do mundo é minha. Sempre foi, se fico engripada, tenho que lhe esconder o facto porque senão levo o raspanete de que não seco bem o cabelo, que apanho muito frio, que durmo muito tapada, bla, bla, bla ... Quando fui atropelada, apesar de não ter sido eu a culpada tive de levar com 3 meses de resmunguice "É para aprenderes", "Não tomaste atenção", "explica lá outra vez como é que isso aconteceu", bla, bla, bla ... Quando quis sair do país para ir viver a MINHA vida, quase caiu o Carmo e a Trindade, que estava a abandonar o meus pais velhinhos (o exagero nunca é demais quando lhe convém, mas eu é que sou uma exagerada), que ia deixar uma casa estupenda que quando voltasse na miséria (sim porque eu seria lá capaz de vencer na vida) não ia ter onde morar, bla, bla, bla ... acabei por ficar! Quando se tornou insuportável trabalhar num determinado local, onde levantar-me de manhã só me dava vontade de chorar, as palavras de incentivo que tive foram “Não faças isso, é sempre igual em todo o lado, a culpa não será tua? E não vais encontrar emprego em mais lado nenhum!” (Quando a nossa mãe não acredita em nós, é preciso um esforço enorme para acreditar-mos em nós) … Há ainda o pequeno pormenor da comida, não posso comer nada sem ouvir imediatamente: “Já estás a comer??? Não comas isso que estás gorda” (F***-**).
Sim realmente vivo numa bela casa no centro de Lisboa, mas estou sempre a levar na cara de que a "casa não é minha" ... só vos digo que nessas alturas um qualquer subúrbio de Lisboa se torna magicamente muito atraente. Que coma a casa guisada com batatas!
Ainda me perguntam porque é que o sonho da minha vida sempre foi viver sozinha!