Desde miúda que tenho um grande fascínio por faróis. E durante algum tempo acarinhei o sonho de vir a ser faroleira, talvez nas Berlengas, o isolamento, a missão, a resistência e durabilidade, tudo características que me dizem muito, tudo características que de um modo ou outro me definem.
Depois com o passar do anos deixei esse sonho, a cidade e as pessoas começaram a exercer um maior magnetismo sobre mim, mas a paixão por faróis continua, gosto da arquitectura e gosto do conceito. E até gosto desta espécie de decadência a que estão votados. Hoje em dia já quase não são necessários. Hoje cada vez mais me sinto a voltar a esse sonho de ser faroleira, o isolamento é o que mais me atrai, ultimamente a cidade sufoca-me, porque estar sozinho não é estar só, porque estar só no meio de uma multidão é uma tortura que me atormenta, que me esgota.
Um dos elogios que mais me tocaram, foi aquele em que me disseram: "Tu és um farol". E sou, porque ergo-me, só, contra tempestades, porque aguento tudo e ainda protejo quem procura um abrigo, e parte depois do perigo, e eu, só, cá fico, até à próxima tempestade. Mas, só, sozinha, por opção é muito melhor, magoa muito menos.
E assim continuo em busca do meu farol!